Aos cantos vive deitado
Sussurrando as dores
Pensando o que lhe acontecerá logo depois.
Quem sabe lhe chegará o socorro, o alivio!
A demora é o seu maior inimigo.
As forças são inconstantes
Um dia pouca no outro nada.
Sonha com um dia ensolarado
No qual possa esquentar seu corpo como tantos outros.
A comida que lhe chega não sacia sua fome
Apenas lhe mantém a dura vida.
O remédio que lhe traga a cura
Terá que lhe atravessar a alma.
Pois as cicatrizes do abandono
Não se limita ao corpo.
Seu olhar é unidirecional
Ver apenas a injustiça.
Seus dias são repletos de sofridas lembranças
Não esquece o dia em que não mais voltou
Ao lar, ao aconchego, ao abraço.
No primeiro momento era insuportável
Porém seu corpo e mente ganhou forma
E se tornou um ser imortal.
Hoje já não é visto como antes
Sua presença causa estranhamento e repúdio
Sobre seus ombros recai a culpa, a pena e o medo.
Vive não pelo o que pode, mas pelo o que alcança
Sendo assim não tem muita coisa
Apenas um corpo para que possa sofrer.
Os dias já não são curtos como de uma criança
Agora ele conhece a eternidade
Pois é assim o dia visto de lá.
Seu corpo agora é olhado
Sem mesmo lhe pedir licença
Seu futuro é determinado por outros
Sem mesmo lhe ouvirem.
Seu cheiro sufoca os nobres
E também os pobres que por lá passam.
Onde ele dorme é o mesmo onde come
Assim ele vive,
Incomodando e sendo incomodado
Pelos os de fora e também pelos os de dentro.
Assim é a vida quando os Direitos Humanos
Abandona um detento.
Eliab Xavier