sábado, 29 de outubro de 2016

Lúcido e transtornado

Não estou mais só
Estou com o transtorno
Já fui melhor
Mais leve
Menos assombrado
Eu e o transtorno
Ficamos transtornados
Que é o contrário de lucidado
Mas o que adianta
Está lúcido porém mal acompanhado?
Por isso os lúcidos
Que são os lucidados
Vezes por outra
Ficam transtornados.

Eliab Xavier

Disfonia

Fui ao médico
Ao chegar
Me faltou as palavras
Fui pressionado a falar
Não adiantou nada
Me perguntou se eu estava lúcido
Tentei explicar por gestos
Não compreendeu
Abri bem a boca
Não olhou, apenas se assustou
Deparei-me com o não compreensível
A garganta não permitia sair som
A dor era grande
Meu semblante se desfalecia
Ao ver o médico escrever
O que ele não entendia
Olhei e vi que ele procurava
No site de busca
"Transtorno da fala"
E em seguida em meu prontuário
Ele escreveu "disfonia".

Eliab Xavier

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Boda de madeira

Encontramos uma boa semente
Cuidamos dela até germinar
Nasceu rompendo terra seca
Em meio aos espinhos.
Já imaginávamos como seria
Por isso encontramos razões
Para continuar a regar
Nasceu uma planta
Bonita e forte
Tornou-se uma árvore
No qual tem dado frutos
Agora comemoramos
A madeira forte e bonita
Vivamos essa boda
Como sendo ela fruto
De uma dedicação à dois.

Eliab Xavier

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Meus sonhos


Meus olhos estão se fechando
Luto para isso não acontecer
Sei que se ele se fechar
Por algum momento não vou te ver
Por isso luto para não se fechar
Mas se eu não resistir
Quero te levar na minha mente
Para que meus sonhos
Seja suas lembranças
E suas lembranças
Seja os meus sonhos

Elias Xavier

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Conquista

O tempo passa
E a vida se renova
Ganha nova forma
E a gente se transforma

O dia nasce
O sorriso acontece
Às lembranças vem
A saudade bate

A esperança nunca acaba
O sonho se realiza
A felicidade chega
A gente conquista

Eliab Xavier

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Deixamos de ser gente

A vida é uma roda gigante
E quando ela gira a gente vai junto
E quando para a gente fica tonto
Quem movimenta a roda
Nem sempre somos nós
Assim nos movimentamos
Mesmo sem querer
Compramos sem precisar
Vamos a festa sem gostar
Moramos sem escolher o lugar
Comemos sem degustar
Assim é a vida hoje
Vivemos sem notar que estamos vivos
Morremos e não percebemos
A vida pode ser diferente
Caso um dia nos deparamos com nós mesmo
Só assim perceberemos
O quanto deixamos de ser gente
Pois gente se olha, se toca, se ama.

Eliab Xavier


domingo, 9 de outubro de 2016

Um dia de cada vez

Vivendo um dia de cada vez
 Aumenta a expectativa
De um casal sonhador,
O segredo estar
Na compreensão do tempo
Pois dele aprendemos
Que para todas as coisas
Temos que respeitar
O momento do outro.
Um dia um estar para a lua
O outro para o sol
O segredo é saber
Quem estar para o sol
E quem estar para a lua.
Pois a natureza tem sua beleza
Exposta para que o casal o veja
E dela entenda que a vida
É simples e bela,
Isso é o que nos revela
O amor.

Eliab Xavier

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Sinto a sua falta

Sua pergunta faz com que
Eu me perca dentro de mim
Quando ela soa em meus ouvidos
Logo confunde meus tipanos
Por ser ela tão complexa
Aciona minha amígdala
Daí meu corpo se prepara para fuga ou para luta
Mas por ela não ser fácil de compreender
Demoro em decidir o que vou fazer
Aí se instaura o conflito.
Para aliviar o meu juízo
A minha alma abraça o meu coração
E juntas decidem o que devem fazer
Por não ser possível responder com palavras
Apelo para o meu sentimento
Daí descubro que o difícil não é sentir a sua falta
Mas você sentir que a sinto.

Eliab Xavier

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A Injustiça do abandono

Aos cantos vive deitado
Sussurrando as dores
Pensando o que lhe acontecerá logo depois.
Quem sabe lhe chegará o socorro, o alivio!
A demora é o seu maior inimigo.
As forças são inconstantes
Um dia pouca no outro nada.
Sonha com um dia ensolarado
No qual possa esquentar seu corpo como tantos outros.
A comida que lhe chega não sacia sua fome
Apenas lhe mantém a dura vida.
O remédio que lhe traga a cura
Terá que lhe atravessar a alma.
Pois as cicatrizes do abandono
Não se limita ao corpo.
Seu olhar é unidirecional
Ver apenas a injustiça.
Seus dias são repletos de sofridas lembranças
Não esquece o dia em que não mais voltou
Ao lar, ao aconchego, ao abraço.
No primeiro momento era insuportável
Porém seu corpo e mente ganhou forma
E se tornou um ser imortal.
Hoje já não é visto como antes
Sua presença causa estranhamento e repúdio
Sobre seus ombros recai a culpa, a pena e o medo.
Vive não pelo o que pode, mas pelo o que alcança
Sendo assim não tem muita coisa
Apenas um corpo para que possa sofrer.
Os dias já não são curtos como de uma criança
Agora ele conhece a eternidade
Pois é assim o dia visto de lá.
Seu corpo agora é olhado
Sem mesmo lhe pedir licença
Seu futuro é determinado por outros
Sem mesmo lhe ouvirem.
Seu cheiro sufoca os nobres
E também os pobres que por lá passam.
Onde ele dorme é o mesmo onde come
Assim ele vive,
Incomodando e sendo incomodado
Pelos os de fora e também pelos os de dentro.
Assim é a vida quando os Direitos Humanos
Abandona um detento.

Eliab Xavier